“Se você não sabe o que está fazendo, faça devagar”, reza um princípio econômico contemporâneo.
Se em tempos remotos recebemos perdão em massa na base do “eles não sabem o que fazem”, a desculpa perdeu a validade, e convenhamos que o prazo foi pra lá de razoável...
Senão, vejamos: Tudo o que sempre precisamos para sobrevivência e fruição a natureza ofereceu com qualidade e abundância. O problema é que nossa ambição ou percepção de saciedade e segurança jamais conheceu limites. Como resultado, o generoso provedor foi ficando tipo, de saco cheio.
A sorte está lançada: Ou qualificamos e diminuímos o ritmo dos nossos fazeres no Planeta – o qual sugamos como uma fruta madura –, ou de repente será nossa vez de entrar no suco.
Uma mudança de paradigma exigiria um processo acelerado de conscientização e sabemos que isso não é tarefa fácil, até porque o mundo já tem gente saindo pelo ladrão. Historicamente, temos olhado praticamente o tempo todo para nossos próprios umbigos, mas tudo bem – quer dizer, nem tanto.
Uma iniciativa aqui, outra ali, cada um contribuindo com o seu melhor, poderíamos alcançar o tal patamar crítico suficiente para realizar avanços importantes. O poder da comunicação nunca foi tão avassalador; se está mal direcionado – parece claro que está – poderíamos adequá-lo a uma mudança de foco e prioridades.
Pode-se dizer que cada um carrega em si toda a experiência humana, mesmo que não tenhamos consciência disso: O ritmo alucinado da civilização [pós] industrial – que ao invés de gerar mais tempo livre com a evolução das máquinas fez delas seu modelo de vida – é refletido em nosso espelho diariamente, quando perseguimos os ponteiros do relógio como um cão atrás do rabo.
Peraí, stop! Estamos com pressa de que mesmo? Para chegar onde? Será que corremos tanto apenas para ganhar dinheiro e consumir mais? Será que essa ansiedade generalizada é uma condição real de sobrevivência ou mera questão de ego e poder? Agimos feito manada rumo ao precipício? Talvez nem tanto, mas não é de hoje que temos “o olho maior que a barriga”.
Dar mais tempo e espaço para si mesmo; comer devagar e fazer a siesta; apreciar e fazer arte; namorar “fora de hora”; ir mais ao cinema ou à praça do bairro; ler, filosofar; para essas “bobagens” ninguém mais tem tempo. Vivemos numa espécie de "fast tudo", mergulhados até o gogó no excesso de informação.
Mesmo correndo o risco de parecer simplista, vou meter minha colher na geléia geral: A idéia seria ampliarmos o conceito do “slow food”, dando inicio a um movimento com sotaque tupiniquim, meio “Macunaíma”, que poderíamos chamar de “Faça devagar – dê um tempo ao Planeta!”
Muitas pessoas tipicamente urbanas têm sonhado com uma vida tranquila junto à natureza, sem perceber que a tão almejada paz depende mais de posturas pessoais do que de lugares paradisíacos num "futuro" que, obviamente, nunca chega.
Sabe aquela situação em que gostaríamos que o tempo parasse ou que pelo menos seguisse em slow motion?! Pois bem, a proposta é que “façamos de conta” que temos um controle remoto capaz de diminuir o ritmo da aceleração habitual.
Certamente, cada um terá uma forma pessoal de expressar o que seria “dar um tempo” a si mesmo e ao Planeta. Deixe seu comentário, compartilhe, ou dê um nome para a tartaruguinha aí em cima!
08 dezembro 2007
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4 comentários:
Parabens pelo texto pai, como tudo acaba sempre interligado, ja achei uma coisa engraçada que aconteceu agora... abri o blog com a ideia de fazer aquele comentario prometido, porém quando vi o tamanho do post logo pensei: putz! quanta coisa pra eu ter que ler e ainda falar alguma coisa coerente (que não fique com cara de "dei um oi, ja fiz meu papel de filho") agora no meio dessa correria da tarde de quinta!
e é nessas "pequenas" coisas que notamos como a cada momento temos a oportunidade de parar um pouco, e além de dar um tempo para o planeta, dar um tempo para "sermos humanos",sei lá.. parar pra conversar com um pedinte na rua e ouvir o que ele tem a dizer, agradecer ao gari que limpa nossa cidade faça chuva faça sol, escutar as reclamações de nossa vó e dizer que tudo vai melhorar e até escrever algo verdadeiro no blog do seu pai , resumindo: acrescentar alguma coisa na vida das pessoas que cruzam nosso caminho diariamente. acrescentar coisas no nosso caminho.
ou iremos dar a desculpa que nao temos tempo e outra hora lembraremos de fazer?
nossa vida é um espelho
o momento sempre é agora.
Gostei da idéia de ter um espaço onde eu possa "ouvir" algo que me faça ter a certeza de que "tenho tudo a haver com isso!"
Quanto a tartaruguinha, ela é um charme e eu já a estou chamando de NORMA e concordo plenamente com a sua norma que diz: FAÇA DEVAGAR- DÊ UM TEMPO AO PLANETA.
Um beijo, Rosana.
Genial a iniciativa.
Além de ir mais devagar, vamos mais pensar.
É isso aí.
Nos veremos mais por aqui.
A cada dia sinto mais nessecidade de parar para pensar. Caso contrário deixo de ser aquilo que sou e passo a ser aquilo que consumo.
Dialogar, conversar, conviver fazem a diferença se quisermos realmente ser pessoas e viver uma vida melhor. Precisamos religar tudo isso e nos unir a tudo e a todos.
Citando Humberto Mariotti, "o observador faz parte daquilo que observa" e "as partes estão no todo, mas o todo também está nas partes".
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