16 outubro 2008

RELIGARE

Sim, uma nova ordem , mas que não se imponha, feito desde sempre, pela força bélica, econômica, política, cultural, mas que possa ser gestada, inventada, sob uma nova ética humanista, solidária.

Depois de séculos ocupados em fragmentar e com par ti men tar o mundo e a nós mesmos para tentar, a partir das partes, e depois micro partes, chegarmos a alguma compreensão, nos vemos imersos num quebra-cabeças esquizóide de remontagem improvável.

Podemos dizer que o combustível cartesiano esgotou-se, mas, ainda assim, seguimos como um trem desgovernado em movimento inercial.
 

O momento histórico é de inflexão. Precisamos perceber e compreender o todo, de uma só vez, para então podermos acolher e re-conectar as múltiplas partes, facetas, estilhaços de um mundo complexo, porém indivisível, indissociável.  

A palavra chave é religar [do latim religare, religione, daí religião]. Religarmo-nos ao fluxo natural da existência. Religar sentimentos-pensares-palavras-desejos-atitudes; religar o eu-ao-todo-mundo, o meu-ao-que-é-de-todos.
 
Através de nossa própria cura [de um novo estado de sermos no mundo], a Terra, que é parte de nós como somos dela, encontrará-encontraremos os meios para curar suas-nossas feridas. A partir do centro, sol, coração do homem, planeta, universo.

A energia que cria [e mantém] a vida também nos conduz a um movimento constante de expansão. Tudo tende [almeja] à evolução, irreversivelmente. O novo virá com ou sem dor, com ou sem aceitação, compreensão. Esse é o espaço do arbítrio.

O desequilíbrio planetário gerado pela busca incessante, insaciável, por segurança, poder e acumulação deve ser realinhado por nós mesmos, representantes da espécie no momento presente.

Sim, há recursos de toda ordem. É preciso apenas redistribuí-los; redireciona-los numa escala de valores e prioridades há muito esquecida: a velha e boa escala humana.

11 outubro 2008

SAL

a escada sob o sol
o pomar
as semprevivas sob o sol

o cheiro
o gosto do sal
nas folhas de couve
maças verdes
ameixas

pêssegos maduros
a poeira da estrada
nas narinas, nos cabelos
.a lagoa espelhando
marrecos e éguas
nuvens e sol
.
ah, o sol
.
.[“a coisa mais certa de todas as coisas
não vale um caminho sob o sol”]*


(*) frase da música "Força Estranha", de Caetano Veloso

07 outubro 2008

STOP

.
.
.
parem

...........as máquinas
...........as guerras
parem de correr

deixem

............as crianças
............o amor e a vida
deixem o planeta

............em paz
.
.
.
.
.