06 julho 2010

meditação

A internet é a mais perfeita representação da mente humana jamais criada. Abra um site qualquer ou, melhor ainda, um dos chamados provedores. Quando você clica e intervém no conteúdo da tela, em meio a profusão de banners, hiperlinks e pop-ups, é imediatamente remetido a novas e sucessivas telas, cada qual assemelhada à anterior em sua infinidade de chamarizes coloridos. Este mecanismo é muito similar ao dos pensamentos que surgem de forma exponencial na tela de nossa mente. A única alternativa, ou porta de saída, para essa viagem imaginária, nos dois casos, excetuando-se, claro, a possibilidade extrema de desligar a "máquina", envolve nossa atenção. Se você apenas observar a tela sem intervir de forma alguma, o conteúdo torna-se cada vez mais monótono a ponto de, subitamente, você se dissociar completamente da geradora de informações. A esse estado de atenção, quando se trata da mente, chama-se meditação: todos os seus sentidos estão atentos, mas você não segue nem alimenta a corrente de pensamentos, não intervém na "tela", apenas observa. O observador, então, está no centro de todo o processo e começa a perceber que há uma distancia, um vazio, um silêncio entre ele e os pensamentos, e também entre um pensamento e outro. Os pensamentos passam a ser reconhecidos como eventos externos ao  observador, assim como os ruídos, os cheiros e o que mais vier aos sentidos. A expansão deste vazio silencioso ocorre gradativamente, à medida que nos aprofundamos. O ápice desse aprofundamento consciente é chamado pelos místicos de iluminação ou renascimento. Lá, em meio ao silêncio e ao vazio plenos, encontramos o essencial, a verdade, aquilo que realmente viemos buscar. Então, você continuará recorrendo à sua mente para as questões práticas, a comunicação, ou para buscar alguma informação necessária ao seu processo criativo, assim como já o faz com o seu computador. Entretanto, esta mente operacional deixará de ser autônoma e controladora de sua vida e passará a ser usada como uma ferramenta, acessada a sua vontade. Parece simples..., e é. Tudo o mais é excesso de informação. Por incrível que pareça, essa simplicidade tornou-se uma barreira criada, claro, pela própria mente, que tem uma irresistível atração pelo complexo e pelo difícil. Segundo nossa cultura, nada pode ser conquistado facilmente: é preciso muito esforço para alcançar o bom e o bem. Não precisamos discorrer aqui sobre isso, pois estamos imersos no modo de vida gerado por este paradigma...

Um comentário:

lola ribeiro paim disse...

Adorei teu artigo,você é uma pessoa sensível inteligente e me parece iluminada, parabéns ...se não lembra de mim sou sogra do Márcio e amiga da Leda, eu sou pedagoga e terminei psicologia ,mas adoro filosofia, afinal a psicologia nasceu da filosofia ,,,,olha o que tenho a te dizer sobre os efeitos dos estímulos sobre a mente ou os sentidos , é que cada vez mais o ser humano perde sua essência se não souber direcionar sua mente ou melhor seus pensamentos ... quem sabe o melhor mesmo é não pensar...deixar fluir se conectar com energias cósmicas positivas . abraços Lola,Tenha um ótimo domingo